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(Carolina Gobbi)
Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo não reconhecida. Cabelo impecável, roupas impecáveis, casa impecável, jantares impecáveis, lingerie impecável, relatórios impecáveis.
Tempo...
Tempo pra ser amada. Tempo pra amar. Tempo... Mentiras, amores desfeitos, amantes perfeitos, molejo, peitos, desfecho. Amores? Respira!!! Sem tempo. Sem jeito. Sem peito. Sem coração no peito. Amar sentir gozar... Desfeito! Despeito! Bem feito! Não dá! Não tem outro jeito!!!
Sentir dói. Ninguém sente. Falta tempo. Sentir sozinho dói. Sentir solidão dói. Sentir, amar, querer, gozar, brincar, brindar, perder, sonhar, partir, frustrar. Tempo demais dói. Tempo demais mata a mentira. Tempo demais traz verdade. Traz medo. Traz sabor. E amarga, e engasga, e sufoca, e mata...
Tempo...
Sem tempo. Não pensa! Faz. Faz! Tem que fazer!!! Filhos, amigos, parentes, amantes, maridos, faxinas, comidas, manicures, pedicures, escritórios, ex-clitóris, amores mal-feitos, happy-hours, bebidas, sexo, cigarros, sexo... Lágrimas perdidas num canto da noite sem orgasmos. Um canto sem tempo. O cantinho molhado em que o tempo pára...