CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

sábado, 4 de julho de 2015

A CRIANÇA E A ÁGUIA

  Um dia de cada vez a gente vai vendo o mundo girar, a estrela brilhar, a vida acontecer. Em algumas dessas voltas tudo é luz e em outras, escuridão.
  Caminhando pelas sombras sobe um frio no peito, um vazio de energia que sufoca. Respirando sol, bebendo chuva, acinzentando a paisagem dos dias mais azuis, a gente segue se sentindo menor e confrontando a criança malcriada que resistiu aos anos.
  Ela grita, chora e pede colo, apesar das exigências do mundo. Criança que tem que aprender a ouvir NÃO e a perder o brinquedo de que não soube cuidar.
  A pressa e a ansiedade impedem a gente de ver com clareza a infinidade de eus que compõem cada um. Vários eus coexistindo, formando um só, como tudo no Universo. Dividido e integrado, maduro e infantil, forte e frágil, minúsculo e gigantesco, um paradoxo humano...
  "Decifra-me ou te devoro". Quando essa é a interrogação, a resposta está numa outra profundidade. Num mergulho sem paraquedas ao vazio interior. Uma queda livre que sai resgatando os vários eus numa só essência.
  Nesse resgate a queda também é vôo, permitindo o contato sincero e nu com todas as vulnerabilidades e com todas as fortalezas que formam cada imperfeição. É quando um ser humano consegue ser sua própria águia. Num vôo solitário e atento, com os olhos precisos aos detalhes e aos menores movimentos.
 
Talvez ser uma águia a observar a própria caminhada permita o vôo com mais liberdade do que sonha a criança malcriada. É preciso ter coragem para saltar e acreditar que vai voar.
  Você sabe voar?