...é quando a gente infla... A veia salta, o suor escorre
pela pele lavando a sujeira do tempo! Força, garra... Nada disso... Só o olhar
de dentro é que lhe mostrou o que estava acontecendo. De fora, tudo seguia o
relógio do normal. Acorda banho café da manhã escritório almoço escritório jantar uma cervejinha e umas pesquisas pra quem sabe... Outro escritório...
De dentro... Ah, de dentro não tinha que seguir regras,
fechava os olhos e ia onde bem entendia, chegava a sentir a pele do moço bonito
dos olhos furta cor. Furtou seu coração! Partiu com ele, viu um mundo
incrível pintado de cores que ficam bem no meio. Sempre uma coisa no meio: o
peito - "cheio de amores vãos" - uma menina, uma mulher, uma tonelada de
sonhos e aqueles olhos... E aquelas cores...
Numa alma cinza, como podem caber tantas cores???
Parece que não era pra ter cor, mas de repente as cores vêm como atraídas pela falta de si mesmas... Nada cinza, nada pastel... Elas puxam vida! Rodam, levam a menina àqueles olhos e lá ela dança, ela simplesmente entra na cabeça dele e dá piruetas.
Parece que não era pra ter cor, mas de repente as cores vêm como atraídas pela falta de si mesmas... Nada cinza, nada pastel... Elas puxam vida! Rodam, levam a menina àqueles olhos e lá ela dança, ela simplesmente entra na cabeça dele e dá piruetas.
Ahhhh... Como ela iria imaginar que poderia? Quando ela
poderia querer partir? Jamais... E ela não foi e ele não veio! Mas de alguma
maneira inexplicável ela estava lá, dando piruetas, e ele estava cá
colorindo... E o suor lavando o corpo cinza... E o sonho suportando o real... E
o brilho colorido... E a curva, aquela única curva, aquele único laço, só
aquele ponto de encontro, fora do ponto de equilíbrio... Inalcançável?
O tempo passou? Ficou? Voltou? Sabe que pode voltar! Ali onde
se encontra pode tudo, mas precisa de uma veia de realidade e nela o tempo não
volta... Fica no pode ser... Pode ser que talvez... Talvez ele dance e ela colora...
Ela vê o futuro pela janela emoldurada de rendas em seu coração e ele não é cinza
por dentro! Estranho... e aqueles olhos lá dentro? Ah, aqueles olhos...
eles furtam cores e corações!
O corpo esfria, a veia se recolhe e o coração fecha as
cortinas e a janela também... A menina que dança vai acordar e rebolar pra
chegar na hora ao escritório...
E mais uma vez, no pequeno e ínfimo, quase invisível espaço
entre dois sonhos, mais um café da manhã, mais um dia de escritório e aquela
sensação: eu sei o que tem depois da porta... eu abri as janelas e vi o menino dançando e a menina colorindo... e aqueles olhos... ah, os olhos que me furtam
cores!