CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Confissão de uma bonequinha


      Lembro de dizer como adorava te ver chegar. Tinha um sorriso radiante que iluminava o olhar com estrelas. Tinha esse jeito doce de encantar meus dias com pequenas gentilezas. Aí veio a incerteza e te vi partir sem mais poder te ver chegar.
      Como pode alguém estar tão presente na ausência? Tenho lido que a espécie humana é criadora de histórias, que a imaginação está em nós tão intrínseca que não somos capazes de discernir o que é realidade do que é ficção em nossas vidas. Minha realidade é dotada de historinhas, devo confessar que tenho uma certa sedução pela melancolia e muito medo, paranoia natural pra uma espécie amaldiçoada com a consciência de sua própria morte.
      Nessa de tudo ser ficção, ainda assim preciso aceitar a realidade de que você imagina que ficar longe de mim é a melhor história que você pode inventar. Dá licença de te ter como meu coadjuvante?

(SILÊNCIO)

      O que acontece é que aqui nesta confissão eu apenas imagino que desejo de volta o sonho que vivi. Isso não é passado, nem é futuro e nem presente... É só mais uma história que fica circulando pela cabeça e distraindo do agora. E agora?
      Agora eu faço o artesanato que você deixou. Foco. Centro. Equilíbrio. E você. Do mesmo jeito que esteve comigo quando não dormimos juntos. Que correu e salvou meu gatinho pra não me ver chorar. Você que mora nas nuvens, chora na chuva e sorri ao pôr do sol. Você que me apareceu em um sonho aos pés da montanha mágica. Você que partiu sem nunca me deixar e sem nunca sair por completo. Você que sempre vai me relacionar ao Paraíso e que vai sorrir e vai chorar e vai ter tambores no peito se um dia ler esse texto...
      Saudade também é amor!

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