CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

2º Ensaio sobre as cores: Cores mortas I

      

                  É muito comum ser tomado por um sentimento desagradável. Isso faz a gente mudar de cor e tomar nuances indesejadas. Cor de vômito, amarelo-escárnio emaranhado em tons de verde-catarro. Quase da cor da tuberculose. Consegue imaginar? Agora imagina as pessoas que te trataram com egoísmo, despeito e cinismo mergulhadas numa piscina desses fluidos viscosos... Dá até um prazerzinho momentâneo, não?!

               Isso acontece porque você também é um pouco mau, meu jovem, minha querida..! Você também é um pouco verde-musgo-amarelo-pálido. Ter cores mortas faz parte de qualquer paleta e somos muitas tonalidades para conseguirmos sobreviver aos mesmos traços mal desenhados se repetindo incessantemente no calendário de colorir.

               Difícil manter as cores antigas ou brilhar novas em situações  de clássica censura de matizes... Talvez um vermelho-ira tome conta inicialmente, assumindo tons roxo-esfumaçados pra não cortar gargantas! Seguindo, então, para tons amarronzados de degeneração, até alcançar os tons verde-catarro-vomitado-malhado-de-amarelo-doente que envolvem o corpo e o ambiente numa dança interminável de ressentimentos.

               Desagradável se imaginar dançando infinitamente nessas cores. Elas se formaram ao seu redor quando deixou o outro, o pálido, o sem cor, o sem brilho, o pequeno e inferior espírito de porco, te descolorir. 

          É nessa hora que você escolhe, e sabiamente se põe a correr, primeiro, e depois a andar longamente, e por fim se acalma, se desprende do árido verde e se depara com o azul, com a tranquilidade eterna do céu: o brilho contagiante do sol em horários de chegada e partida, o dourado-encarnado-róseo-encantador que domina antes da escuridão roxa quase preta que fica do outro lado do dia. 

               E aí você percebe que de tantas cores no mundo, de tantas tonalidades diferentes, é uma escolha ficar mergulhado no verde-amarelo-escarrado e, assim, abandona a cor que não lhe faz parte da paleta. Sua paleta tem a infinidade de cores que o seu coração mandar! Agora, se ele te manda ser um sem-cor... Isso também faz parte da dança. Só peço que não me  chame pra dançar! 

          Tenho minhas próprias cores mortas...!

5 comentários:

asenat disse...

Uauuuu...Perfeita descrição!!!

Canto e Lágrima disse...

Obrigada! Gostei muito deste também, acho que consegui chegar onde pretendia. Vou continuar escrevendo... ;) Continue lendo!! Beijocas

se programando para vivier disse...

Muito bom... você tem todas as cores do arco iris. linda!

Canto e Lágrima disse...

Obrigada, minha flor! Já tô com saudade de você!!!

S. Castro disse...

Muito bom! entendi bem sobre as cores mortas. Quero mais!