Aquela mocinha vira muitas coisas, mas nunca brincava, nunca sorria, era estática. Tudo sentia mas não era e não falava, engolia e olhava para dentro. Fora: cinza, preto, branco e, de vez em quando um pálido ou sombrio sépia em tons de tristeza.
Ignobilmente, por isso, ninguém a incomodava, ninguém a escolhia para brincar nos tempos de escola, mas também ninguém lhe puxava os cabelos. O que ninguém também enxergava era que por dentro ela era só cor e luz, e formas encantadas de um mundo muito mais envolvente que aqueles tons de fumaça acinzentados.
De dentro, brinquedos de faz de conta, amigos, namorados, bolas e bexigas e flores, muitas flores de todas as formas e tamanhos e cores, e vivas, e muitos sóis, porque um só é pouco para tanta luz. Chuva lá dentro, só de coisas estranhas, quer dizer, estranhas do lado de fora, porque de dentro o normal é chover caramelo, mel... pra comer com partes exóticas!
Vermelhos aquecem seu corpo brincando de dedilhar enquanto os mais suaves tons de violeta e lilás lhe acariciam os negros cabelos, em fitas de cetim e tranças rendadas. Os sapatos de boneca rubros dizem o caminho e ganham fitas para subirem-lhe as pernas. O vestido poá ganha saias e mais saias e a pequena mulher menina, de repente, vira bailarina rodopiando pelos caminhos tortos cheios de borboletas para lhe voar pelo estômago e por umas partes impróprias.
Volta e meia entre rodopios e banhos de caramelo ela esbarra com um moço bonito ali, um moço de olhos profundamente líquidos e de umas nuances encantadoras. Com uma espada embainhada e muitos sonhos voando como pássaros em volta de seus cabelos revoltos e macios como fios de seda ao vento.
Ela adora tocar-lhe os cabelos, quase como quem comete um pequeno delito..!
Ele não é dali, não pertence a seus sonhos, ele carrega todo um mundo próprio de dragões, torres e calabouços. E sóis, e luas e a luz encantada que atravessa os sonhos. É onde ela se reconhece, é onde se entrecruzam suas alegrias e suas vontades e se faz magia. Ali o caramelo brilha num suor saboroso. Ali as mãos peregrinam por caminhos montanhosos. Churros e maçãs do amor com gosto de beijos. Discos voadores e bolhas de sabão dão vida à paisagem. E a magia se faz também um pouco pela importância. Qual?
Churros, maçãs do amor, bolhas de sabão e até discos voadores são fáceis de se encontrar por ali. Beijos também não são tão raros, mas o garoto mágico, o garoto da espada, ele só aparece quando. E quando é o tempo cruel. Quando é o tempo que não manda, que nada prevê, é o tempo que acontece e deixa marcas tatuadas de singularidade. O sabor inesquecível que as pessoas predestinadas reconhecem uma na outra.
Só que ali ela também sabe que, apesar de ser senhora da paisagem, é impotente para tudo além das cores e do mel, do caramelo... O gosto, que não é só dela, não pode ser alcançado sem ele. O garoto não vem quando ela quer, também não vem só quando ela ali está. Eles se perdem... Labirintos os guiam por tramas onde às vezes o sim é não, o não talvez, e o talvez traz um meio de caminho que pode durar pra sempre ou acabar num vazio de alma.
Ali está sua dor e sua alegria, ali mora seu momento e ela se renova e se desconstrói se necessário. É justamente em sua falta de controle que ela encontra sua essência. É assim, sabendo que há algo que ela não domina, num mundo que poderia ser só seu, que ela percebe que em algum momento deixou ele entrar, lhe deu a chave. Ninguém mais povoa aquele lugar a não ser que seja fruto de sua imaginação, mas aquele moço bonito...
Ele é real, ele vai e vem, e ele era um pouco sua criação também... quando a amava e a partia. Seu amor e seu amigo. Seu brinquedo de faz de conta que aconteceu mas que não foi de encontro ao seu futuro. Ele se emaranhou em seu presente e dali não saiu... nem ficou... Ele se tornou seu meio, entre o cinza costumeiro e a energia celestial do lilás: a luz!
Volta e meia entre rodopios e banhos de caramelo ela esbarra com um moço bonito ali, um moço de olhos profundamente líquidos e de umas nuances encantadoras. Com uma espada embainhada e muitos sonhos voando como pássaros em volta de seus cabelos revoltos e macios como fios de seda ao vento.
Ela adora tocar-lhe os cabelos, quase como quem comete um pequeno delito..!
Ele não é dali, não pertence a seus sonhos, ele carrega todo um mundo próprio de dragões, torres e calabouços. E sóis, e luas e a luz encantada que atravessa os sonhos. É onde ela se reconhece, é onde se entrecruzam suas alegrias e suas vontades e se faz magia. Ali o caramelo brilha num suor saboroso. Ali as mãos peregrinam por caminhos montanhosos. Churros e maçãs do amor com gosto de beijos. Discos voadores e bolhas de sabão dão vida à paisagem. E a magia se faz também um pouco pela importância. Qual?
Churros, maçãs do amor, bolhas de sabão e até discos voadores são fáceis de se encontrar por ali. Beijos também não são tão raros, mas o garoto mágico, o garoto da espada, ele só aparece quando. E quando é o tempo cruel. Quando é o tempo que não manda, que nada prevê, é o tempo que acontece e deixa marcas tatuadas de singularidade. O sabor inesquecível que as pessoas predestinadas reconhecem uma na outra.
Só que ali ela também sabe que, apesar de ser senhora da paisagem, é impotente para tudo além das cores e do mel, do caramelo... O gosto, que não é só dela, não pode ser alcançado sem ele. O garoto não vem quando ela quer, também não vem só quando ela ali está. Eles se perdem... Labirintos os guiam por tramas onde às vezes o sim é não, o não talvez, e o talvez traz um meio de caminho que pode durar pra sempre ou acabar num vazio de alma.
Ali está sua dor e sua alegria, ali mora seu momento e ela se renova e se desconstrói se necessário. É justamente em sua falta de controle que ela encontra sua essência. É assim, sabendo que há algo que ela não domina, num mundo que poderia ser só seu, que ela percebe que em algum momento deixou ele entrar, lhe deu a chave. Ninguém mais povoa aquele lugar a não ser que seja fruto de sua imaginação, mas aquele moço bonito...
Ele é real, ele vai e vem, e ele era um pouco sua criação também... quando a amava e a partia. Seu amor e seu amigo. Seu brinquedo de faz de conta que aconteceu mas que não foi de encontro ao seu futuro. Ele se emaranhou em seu presente e dali não saiu... nem ficou... Ele se tornou seu meio, entre o cinza costumeiro e a energia celestial do lilás: a luz!
2 comentários:
Poesia pura.
Obrigada, flor! Vindo de vc que escreve tão bem... Muito obrigada!
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