Aguardando a poesia, a gravura, o lápis de cor da menina, o giz de cera, a aquarela... Ou seria a impressão do contrato, do orçamento, do processo...
Essa mesma folha de papel, por um sopro distraído, foge ao seu destino e se curva ao vento. Vira pássaro vivo por um momento mágico, e sente toda a vida ao fugir do escritório, sobrevoar a poluição e se perder entre as folhas vivas do parque que fica ao lado.
Destino estranho para o papel... Podia ser guardado, ser lembrado...
Se jogou, se perdeu e vai ser esquecido e consumido por seu íntimo orgânico!
Uma flor de papel branca, pura, limpa, estática sobre a mesa!
Tem história, tem nela todos os movimentos daqueles dedos, daquelas mãos que delicadamente moldaram o papel para o sentimento mais puro, de trazer sorriso, de fazer carinho.
Dedos fortes, dedos masculinos, sensibilidade de artista mudo.
Dedos que tornaram coisa o papel e ele não voou.
A folha de papel branco sobre uma pilha inorgânica estática e triste pode, de repente, ganhar tinta e ser personagem de sua história: imagem, lenda. Pode ganhar fantasia: céus com várias luas e animais mais incríveis que os monolunáticos lobisomens...
Pode ter imagens inimagináveis destes seres mitológicos e ser interessante e valiosa e percorrer gerações. Pais e filhos compartilhando lendas e sagas plenas de ilustrações fantásticas e dimensões inalcançáveis em outras circunstâncias...
Uma folha de papel... folha simples, pura, cheia de vida sobre a mesa...
Vai virar flores, cores, grama, o pôr do sol, o beijo, o cheiro, o gosto e a textura...
Coisas que não são, mas que por não serem, são mais, e coisam mais... E tocam mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário