CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Destino do Papel

Uma folha de papel branca, pura, limpa, estática sobre a mesa.
Aguardando a poesia, a gravura, o lápis de cor da menina, o giz de cera, a aquarela... Ou seria a impressão do contrato, do orçamento, do processo...

Essa mesma folha de papel, por um sopro distraído, foge ao seu destino e se curva ao vento. Vira pássaro vivo por um momento mágico, e sente toda a vida ao fugir do escritório, sobrevoar a poluição e se perder entre as folhas vivas do parque que fica ao lado.


Destino estranho para o papel... Podia ser guardado, ser lembrado...

Se jogou, se perdeu e vai ser esquecido e consumido por seu íntimo orgânico!




Uma flor de papel branca, pura, limpa, estática sobre a mesa!

Tem história, tem nela todos os movimentos daqueles dedos, daquelas mãos que delicadamente moldaram o papel para o sentimento mais puro, de trazer sorriso, de fazer carinho.
Dedos fortes, dedos masculinos, sensibilidade de artista mudo.
Dedos que tornaram coisa o papel e ele não voou.

A folha de papel branco sobre uma pilha inorgânica estática e triste pode, de repente, ganhar tinta e ser personagem de sua história: imagem, lenda. Pode ganhar fantasia: céus com várias luas e animais mais incríveis que os monolunáticos lobisomens...

Pode ter imagens inimagináveis destes seres mitológicos e ser interessante e valiosa e percorrer gerações. Pais e filhos compartilhando lendas e sagas plenas de ilustrações fantásticas e dimensões inalcançáveis em outras circunstâncias...

Uma folha de papel... folha simples, pura, cheia de vida sobre a mesa...

Vai virar flores, cores, grama, o pôr do sol, o beijo, o cheiro, o gosto e a textura...
Coisas que não são, mas que por não serem, são mais, e coisam mais... E tocam mais!






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