CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pedaços de mim


As palavras correm pelas minhas veias quase mais intensas que os sentimentos!

Não sei de onde vim, não sei pra onde vou, nem quando. Vivo no meio.

Alguns lugares me contêm... Outros me convêm!
Me reconheço nas curvas do caminho, nas ruas por onde perambulo.
Há lugares aos quais sempre vou pertencer.

Deixo um pedaço de mim e carrego parte de tudo que me atravessa, e assim vou me compondo em peças de montar.


Parece que sempre estive lá, às vezes. 

Noutros momentos sinto que nunca cheguei, mas que desde sempre era para estar.
Vivo o reconhecimento diário do desconhecido, do inesperado, do escrito nas estrelas e improvável....
Encontro pessoas pelo caminho, que sempre estiveram em meu ser, mesmo inéditas....

Marias, Joões.... Penélopes, Guilhermes... Todos eles são mais que nomes, mais que encontros de caminhos, todas as pessoas que me cruzam estão em mim, e me levam... 

Todos eles, todas elas, todos os chãos por onde pisei, todos os céus acima de mim... TUDO está em mim e lá também estou.... mas não nos temos!

Tenho os sentimentos, fortes ou não, antes inéditos e depois maiores e meio monótonos... Ironias de um caminho nunca antes imaginado, que aconteceu por acaso e que era, em si, o que tinha que ser! 


Conceitos e preconceitos me transformam em construção interminável.

O que era entulho deixa de ser e o que era tudo vira nada e mostra o valor dos anos, o caminho dos pés, o apoio das mãos, os sonhos do coração e a grandeza da alma menina. Mostrar, todavia, não diz, não junta peças... mostrar é espelho!

É no espelho que está a magia que os olhos dos outros não são capazes de ver.

O espelho é um portal, talvez uma janela, um olhar para a montagem e um ar de contemplação que volta, que não ousa juntar peças, mas que às vezes sai a reorganizá-las.

Onde me vejo de fato, não é no vidro refletor, me vejo onde me reencontro com quem nunca fui e com quem nunca me será.... 

Me vejo na dinâmica interativa dos caminhos tortuosos da vida, que a arte não consegue imitar.... 
Me reconheço num ser de novidades constantes e de composições, umas mais simples, outras mais complexas e todas com algo de inimitável, de inesperado, de encantador e único!

Me reconheço no ser que nasce de tudo que me contém, dos lugares a que pertenço, na novidade, na surpresa, no inédito que por vezes acompanha o monotonamente comum... 


É onde sempre estive, é meu paradoxo: sempre serei o que nunca ousei ser e SOU!



Um comentário:

asenat disse...

Muito lindo filha. Parabéns, continue escrevendo, vamos publicar tudo em um livro um dia. Bjs