CANTO E LÁGRIMA: VIDA INTENSA E NÃO REGIDA

"Regida demais, intensa de menos. Lágrimas engolidas pelos cantos da alma que não tem tempo pra sorrir, chorar, sentir. Mãe, irmã, filha, amante, dona de casa, esposa, profissional exemplo..." Relatos das várias mulheres que se escondem dentro de cada mulher, seu mundo, intocável para aqueles que só enxergam com os olhos da carne.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Brinquedo de papel marché











Aline de Oliveira

Tem coisas que realmente são boas demais pra ser verdade.
Por um instante o brinquedo de papel marché creu que realmente nada poderia desbotá-lo.
Ele creu na esperança, aceitou a realidade da ilusão
E deixou-se invadir e inundar tingindo-se das radiantes cores da alegria e do sonho que parecia tão real.
Nunca fora tão feliz.
O brilho dos seus olhos, qual um farol, poderiam iluminar qualquer escuridão, afastando toda tristeza...

Foi-se o riso...
O brilho dos olhos se esvaiu...
O colorido brinquedo de papel marché desbotou.
O que houve?
Será que não era mesmo pra ser?
E se era pra acabar, pra que começar?

Dúvidas que vieram tingir de cinza solidão os dias que eram coloridos pelas radiantes cores da alegria.

Foi-se o canto, resta o pesar.
A necessidade de consertar...
Necessidade desconcertante...
Necessidade frustante...
Necessidade que não vai dar para saciar...

Necessito.
Necessito mesmo?
Não.
Eu sei que não... mas quero ter a ilusão.
Pra que?
Ora se eu não quero saber que te interessa perguntar-me.

A doçura esquivasse ante a presença agressiva do desprezo...
Tenta contra-argumentar, ou pelo menos suavizar um pouco as coisas, mas o desprezo e a impassividade não costumam andar sozinhos, geralmente trazem companhia, e a doçura finalmente é vencida.

Doçura vencida, sai de cena e chora pelo brinquedo de papel marché que fora desbotado...
A doçura não pode agir sozinha... sente-se frustrada, fracassada, pois não consegue impedir a fúria da impulsividade nem o ímpeto da dúvida... e após a devastação causada pela rejeição, doçura sente-se tão fraca que não é capaz sequer de acalentar o pequeno, frágil, só e desbotado brinquedo de papel marché.

Um comentário:

Anônimo disse...

texto sutil, leve, doce e cheio de metaforas é assim que eu gosto, é assim que deixa a leitura gostosa!
sem contar que vc sempre deixa os seus textos alem do que se lê!
x}
eh bom dá a interpretação que imaginamos a aquilo que só vc realmente sabe o que é!
parabens mais uma vez!
beijooooooooooooooo
e tudo de bom!